5) Mensagens Secretas da Páscoa

 

O áudio está no final do texto


O que as tocas de coelho têm em comum com as passagens secretas do nosso psiquismo?

 

Eu conto para você, fica comigo aqui no Constelações Mitológicas, podcasts sobre as interfaces da mitologia com a nossa transcendência.

 

Meu nome é Mônica Clemente, é sobre isso que quero falar, quais são os poderes que os símbolos em torno da Páscoa podem nos dar.

 

Todo ano um coelhinho traz ovinhos cheios de chocolates para gente com uma verdade profunda para quem quiser escutar.

 

Porque a festa da ressurreição reúne em sua simbologia de ciclos de “vida, morte e vida”, as histórias de vários povos que foram capazes de vencer desafios coletivos porque souberam enfrentá-los de uma maneira específica: juntos.

 

A Páscoa acontece no 1º domingo, depois da Lua Cheia, no fim do equinócio da primavera (Hemisfério Norte) e outono (Hemisfério Sul). Só aí já temos os Ciclos da Vida, da agricultura, da Lua, do Coelho e do Ovo, que se expressam assim:

 

Ciclo da Vida, na tradição Cristã, são representados pela vida Jesus, seus ensinamentos e milagres, sua via-crúcis, sua morte e então sua ressurreição como o Cristo. São também, e principalmente, a sua luta, que era uma luta coletiva, pela libertação do seu povo da opressão Romana, que, curiosamente, séculos depois vira o centro da religião criada em torno de Cristo.

 

Neste sentido, os ciclos revelam outro mistério, além das mudanças de estações e de épocas: aquilo que desaparece vai reaparecer com novas roupagens na nova era.

 

Este é o grande tema do livro “As Brumas de Avalon” e de toda mitologia da agricultura e transformações: depois da semeadura, vem a morte na colheita, e a vida que ela mantém.

 

Assim como depois das guerras, os deuses e as deusas (o inconsciente coletivo dos povos dominados ou destruídos) reaparecem com outras roupagens na nova civilização do povo dominante, que jamais governaria o povo conquistado se destruísse seus mitos.

 

Antes de todas estas revelações simbólicas, a Páscoa já era comemorada pelo judaísmo, que homenageia a Pessah (passagem em hebraico) para libertação do povo hebreu. “A passagem de um modo de vida a um outro modo de vida” Como disse Yves Leloup.

 

Em torno destas passagens, outras tradições pagãs se mantiveram, mesmo que absorvidas nos rituais atuais. Nos mitos germânicos, por exemplo, quando o Sol voltava a reinar, a vida chegava após a morte, como a primavera depois da hibernação.

 

Assim, a deusa Ostara, deidade germânica da primavera, de onde deriva Ostern, Páscoa em alemão, era homenageada.  Ela é o símbolo da fertilidade, a mesma fertilidade que faz os coelhos, símbolo de Afrodite e da fertilidade, se multiplicarem na fase primaveril. 

 

Como dizia Goethe, em Fausto “ O eterno feminino nos leva adiante”.

 

Neste sentido, o ovo pode ser entendido como símbolo feminino, da fecundidade e da fertilidade. De onde vem tudo o que existe e a própria manifestação do universo como no símbolo do Ovo Órfico ou naquela brincadeira: quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?

 

E pode ser entendo também como o Ouroboros, que é a serpente que devora a própria cauda para ressurreição, contando sobre o encontro do fim com seu começo.

 

As festividades da Páscoa se dão, então, de acordo com histórias de libertação, ressurreição, festas agrícolas e rituais de fertilidade com a morte das colheitas para alimentar a vida; as fases da Lua com suas lendas sobre o coelho na Lua, que começaram há milênios na Índia, depois na China, Korea e resto do mundo.  

 

Em uma das lendas, Budha testou a raposa, o macaco e a lebre, se transformando em um mendigo faminto. 

 

O macaco o alimentou com uma manga, a raposa com um peixe e como o coelho só tinha seu corpo para oferecer, pediu aos outros animais que o cozinhassem depois dele fazer uma pequena fogueira de gravetos (cesto da Páscoa. Útero, caverna, fogueira..). 

 

Admirado pela generosidade, Budha se revelou antes que o bichinho se jogasse no fogo, e o homenageou colocando sua imagem na Lua. 

 

Em outra lenda da América Latina, Quetzalcoatl vira um mendigo e é salvo pela bondade do coelhinho, tatuando sua imagem na Lua.  Na maioria das versões, o altruísmo do coelho nos revela as diversas mortes que um povo passa até que descobrem, como a Lua que encanta a todos, que a solução surge quando estamos juntos.

 

Por isso eu digo, que nada mais atual do que a Páscoa!

 

Nada mais atual do que toda a simbologia em torno da Páscoa nos revelando esta verdade profunda: de que a nova vida, um novo ciclo, chega depois de vencermos um grande desafio JUNTOS! E porque conseguimos estar juntos.

 

E somos lembrados disso todo ano, com o coelho trazendo chocolate dentro de ovos vazios, símbolo pagão da fertilidade e símbolo cristão da ressurreição. 

 

Uma feliz Páscoa para o mundo inteiro!




 

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