44) A Hesitação nos Contos de Fada

  

O Êxito em Hesitar

Mônica Clemente (Manika)

 

Um computador é burro porque não hesita. 

 

Se ele for programado para seguir em frente, nem mil muralhas seguram um avião comandado por ele.

 

Em alguns contos de fada, o personagem principal hesita antes de entrar numa nova aventura, para pontuar aos ouvintes que ali é preciso mais contemplação.

 

A moça que se casou com o Barba-azul hesitou diante daquela estranha penugem colorida no rosto do homem. 

 

Mesmo assim, o conto de fada "faz" ela se casar com ele, um marido violento, para ensinar aos leitores que a sua hesitação, desconsiderada, era para ser levada à sério. 

 

Por outro lado, se alguém se sente atraído por uma pessoa e hesita, não é falta de interesse. É muito interesse aliado a sua inteligência desdobrando-se para avaliar o próximo passo.

 

É como se a vida e alguns contos de fadas dissessem: pessoas que usam sua inteligência, hesitam. 

 

Hesitam para ter êxitos. 

 

Hesitam para contemplar a nova realidade que se apresenta, sem a priori, sem teorias e sem projeções, que são repetições de uma experiência passada no momento atual.

 

A hesitação, portanto, é a capacidade de criar um hiato - um espaço - para deixar o mundo de fora atuar sobre o observador, até ser possível ver a cor de um perfume, como dizia Paul Cézanne.

 

Ou ser capaz de perceber um perigo ou as possibilidades felizes de uma situação.

 

No entanto, para a Sociedade do Desempenho, hesitar é uma heresia, tanto nos negócios como nas relações.

 

Se esquecendo que as raízes mais profundas levam tempo para suportar uma boa floração. 

 

Mônica Clemente (Manika)

@manika_constelandocomafonte

@Constelacoes_mitologicas

 

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