46) O Amor Sempre Encontra um Caminho além dos Medos
O Amor Sempre Encontra um Caminho além dos Medos
Mônica Clemente (Manika)
É dia nos namorados, aos 14 de Fevereiro, em alguns países do mundo, por conta das festas em homenagem ao Deus Romano Lupercus, durante os séculos VI a.C até II d.C.
Lupercus corresponde ao deus grego Pã, que disse para Psiquê, no auge de seu desespero, continuar lutando para reconquistar Eros, sua capacidade de amar e de sustentar o amor a segunda vista.
Eros a havia abandonado porque ela queria saber quem ele era de verdade, uma vez que o deus não se deixava conhecer.
Esta é a fase, nos relacionamentos, na qual um, ou os dois parceiros querem saber quem são, o que querem e para onde vai a relação.
“Serei vista? Seremos honestos? Eu Aceitarei você como é? Você aceitará o que trago?…”
Até esta estação do mito, eles ainda viviam o amor à primeira vista[i] em plena participação mística: quando se perde a fronteira de si mesmo no outro a ponto de achar que ele é o ar que se respira. A ponto de serem tocados pela dimensão divina, colocando em cheque outras alianças invisíveis, e não mais necessárias, com os pais.
Namorar um deus, ou as normas parentais transformadas em expectativas de como um parceiro e uma relação devem ser, é necessário para mudar a Ordem Mundial do nosso mundo pessoal.
Percebemos que podemos ter a nossa vida e formar outra família, mas ainda estamos presos aos valores e crenças do nosso clã. Por isso ficamos inseguros e nos sabotamos, desconhecendo que o amor sempre encontra um caminho além dos medos.
Se apaixonar, então, é a mão divina nos debulhando dentro de padrões que precisam ser removidos, até o amor a segunda vista[ii] poder florescer. Nele, eu e minhas coisas, o outro e as coisas dele e o encontro do nosso olhar no futuro têm espaço para acontecer.
E o Eros e a Psique podem ficar juntos, finalmente, porque agora eles existem além de seus pais, além das antigas crenças e além expectativas do seu tempo.
Porque agora são capazes de criarem mais espaços em suas vidas para si mesmos, para o outro e, principalmente, para um relacionamento.
Mônica Clemente (Manika)
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[i] Amor à Primeira vista é um termo criado por Bert Hellinger sobre o primeiro momento do encontro do casal, quando eles estão apaixonados e fusionados, desconsiderando, como deve ser, outros fatores do seu psiquismo e do seu entorno.
[ii] Amor à Segunda Vista é o título de um livro do Bert Hellinger no qual ele trata das questões dos relacionamentos de amor e da entidade do casamento. Focando na passagem do amor à primeira vista para o amor à segunda vista em relações mais consistentes. Nas quais se perdeu a fantasia de que só o amor bastaria, sem perder sua capacidade de vencer obstáculos. Hellinger diz e demonstra com as Constelações Familiares que é preciso que algumas ordens ocultas do amor estejam em seu lugar para o amor fluir nas relações. No texto acima conjuguei o mito de Eros e Psique e as compreensões de Bert Hellinger.
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