52) A Moça que via Fadas

  


A MOÇA QUE VIA FADAS
Qual a Sua Escolha: Abandonar-se ou Participar?

Mônica Clemente (Manika)

 

Tudo começou com um inseto se revelando Fada* para uma sonolenta. Sem saber se foi magia, ela acordou amontoada com bebês, adolescentes e idosos dentro de um cesto, colocado na rua de terra batida, aguardando a procissão de renunciantes.

 

O público, dos dois lados da alameda, gritava sem fazer estardalhaço. Qual daquelas pessoas excluídas sairiam do berço para virar abdicante?

 

E qual delas ainda acreditaria nos relacionamentos?

 

A moça que via fadinhas, pensava:

 

“Como os bebês abandonados sairiam de lá? Só se um renunciante escolhesse seu destino? Talvez eu pudesse criá-los mesmo sendo uma excluída e, assim, pertenceríamos.”

 

O primeiro a sair, no entanto, foi um biscoito quebrado ao meio. Além de velho não era mais inteiro. Uma de suas partes, a que venceria a disputa dos seus desejos, se consolava: “Quem escolheria você, velho e quebrado, para se casar? O que me resta mesmo é Deus.”

 

A próxima a pensar em sair da caixa foi a moça. Uma de suas partes queria seguir com a procissão, a outra, ainda queria tentar.

 

Um idoso, ao seu lado, nunca pensaria em seguir a vida daqueles monges, mesmo tendo estragado todos os relacionamentos com suas esposas, amigos e filhos.

 

Ele sabia que tinha cometido erros e, por isso, foi abandonado pelo caminho, mas ainda queria tentar, embora seu coração também estivesse partido. 


O cesto ficou lá no meio da rua, cheio de excluídos que precisavam escolher se transformariam sua exclusão em destino, ou se ainda fariam e nutririam boas relações.

 

O público aguardava, ansiosamente, as suas escolhas. Se fossem embora com a procissão, não precisariam mais pensar neles. 

 

Se ficassem dentro do cesto, juntos, não estariam mais sozinhos. E a esperança teria vencido todas as experiências difíceis que sofreram.

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*Fada em um Conto de Fada preferido, quando colocada em uma constelação familiar, pode ser uma identificação da pessoa que traz este conto, com uma mãe (avó, bisavó) falecida prematuramente, ou a benção de uma mãe ou a parte feminina excluída da pessoa que constela nas Constelações Mitológicas.

 

Mônica Clemente (Manika)

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